Competência leitora: estratégias de leitura
Todo professor, como mediador de aprendizagens, sabe que ler significa muito mais do que decodificar palavras. Além desta etapa necessária, que pode ser qualificada de funcional, a leitura significativa abrange outros processos, os quais são amplamente debatidos na Rede Estadual de Ensino.
O leitor competente é ativo na construção de sentidos. Ler é uma negociação de significados. As experiências que o leitor carrega são evocadas durante o ato da leitura e possibilitam um diálogo com o texto. Quando isto efetivamente ocorre, o leitor rompe sua sujeição aos aspectos superficiais do escrito e torna-se sujeito do conhecimento capacitado a estabelecer elos compreensivos entre o textual e a realidade social ou, como diz Paulo Freire (2009) a “palavramundo”, a palavra referenciada num contexto sócio-cultural concreto. A definição da capacidade leitora estabelecida pelo documento oficial da OCDE / PISA vai neste sentido: “A capacidade leitora consiste na compreensão, o emprego e a reflexão pessoal a partir de textos escritos com o fim de alcançar metas próprias, desenvolver o conhecimento e o potencial pessoal e de participar na sociedade”.
Considerando-se a competência leitora como requisito para a maturação cognitiva dos indivíduos nas mais diversas áreas do saber – afinal a leitura é a macro competência a ser desenvolvida com a formação da educação básica –, o papel do professor passa a ser o de elaborar práticas pedagógicas ou estratégias de leituras propiciadoras do desenvolvimento desta competência em seus alunos.
Quando o professor motiva seus alunos a lerem, apresenta e exercita algumas estratégias de leituras em sala de aula, a compreensão dos textos por parte dos alunos tende a se aprimorar gradativamente. Alguns exemplos de ações deste tipo são apontados no texto de SILVA (2004):
[...] Realizar com os alunos uma reflexão semelhante a essa, sobre a própria leitura, pode ser bastante significativo. Ao trabalhar um texto qualquer com a classe, podemos interromper a leitura e perguntar à turma: Qual o título do texto que estão lendo? O que imaginaram? Qual seria o assunto a ser tratado? Quais as palavras-chave até esse ponto da leitura? Que marcadores foram usados de modo a orientar a leitura (como subtítulos, negrito, itálico, etc.)?
Isabel Solé (1998, p. 80) salienta que no modelo de ensino recíproco (o modelo no qual alunos e professores são partícipes ativos do processo de estudo) há “quatro estratégias básicas de compreensão de textos – formular previsões, formular perguntas sobre o texto, esclarecer dúvidas e resumi-los”. Quando diante de um texto didático ou informativo o aluno instiga-se ou é instigado a refletir sobre seu tema antes ainda de realizar a leitura, expectativas e hipóteses são geradas. O ato posterior da leitura será, então, um diálogo silencioso, uma confrontação de ideias, um exercício de verificação de pressuposições e, sobretudo, um jogo inventivo.
Podemos citar também a obra da autora Roxane Rojo, que em seu livro aborda questionamentos pertinentes quanto as competências: "... Assim, a certeza de que escolarização é esperança, e letramentos os meios que todos podem e devem ter para a conquista de um mundo melhor..." Ou como diz a autora no prólogo: "defendo que um dos objetivos principais da escola é possibilitar que os alunos participem das várias práticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita (letramentos) na vida da cidade, de maneira ética, crítica e democrática." (p. 11)
Assim, é imprescindível que o professor proporcione situações de aprendizagem norteadoras que levem o aluno a refletir e a despertar a sua sensibilização para a escrita e para a leitura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE. P. A importância do ato de ler: em três artigos que se complementam. 50. ed. – São Paulo: Cortez, 2009.
PISA. Proyecto internacional para la producción de indicadores de rendimento de los alumnos – OCDE: Organización para la Cooperación y El Desarollo Económicos.
SOLÉ, I. Estratégias de leitura.Trad. Cláudia Schilling. 6. ed. – Porto Alegre: Artmed, 1998.
ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. 128 p.
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